Bodas de Carvalho: Uma História que Floresce na Esperança.
- Maria Câmara Vieira sts.
- 15 de abr.
- 3 min de leitura

No ano de 2025, as irmãs Servas da Santíssima Trindade celebram a abertura do Jubileu dos 80 anos de sua fundação. Oito décadas marcadas por uma presença discreta, porém, profundamente transformadora, junto aos pequenos, aos pobres, aos invisibilizados da história. O tempo, com suas provações e bênçãos, fincou raízes em nossa missão. Celebrar as Bodas de Carvalho é reconhecer a resistência, estabilidade e maleabilidade que marcam nossa caminhada. Assim como o carvalho, árvore símbolo dessa celebração, permanecemos firmes e ao mesmo tempo flexíveis ao sopro do Espírito.
Neste ano jubilar, somos interpeladas a voltar o coração para a tenda de Abraão e Sara, à sombra do Carvalho de Mambré (cf. Gn 18), onde a Trindade se manifesta como três peregrinos, visitando a tenda da humanidade, fazendo-se hóspede e, ao mesmo tempo, mensageira de promessa. Ali, sob a copa da árvore, nasce a vida nova: Sara crê, ri e espera. Também nós, como Congregação, acolhemos essa visita divina e escutamos o chamado que nos inquieta: “Deem um passo à frente, na ousadia missionária!”
O tema do nosso XIV Capítulo Geral – memória, gratidão, mística, profecia e esperança – nos convida a revisitar o chão sagrado de nossa história. Uma história fincada aos pés do Cristo Redentor, em 1946, mas com ramos que se estendem por tantos lugares do Brasil e do mundo. Cada missão, cada irmã, cada leigo/a trinitário/a, cada gesto silencioso de entrega foi e continua sendo semente da presença do Reino.
Celebramos este jubileu em sintonia com os 800 anos do Cântico das Criaturas, no qual São Francisco de Assis nos recorda que toda a criação é dom, é irmã, é reflexo da beleza divina. Somos ainda iluminadas pelos 10 anos da Encíclica Laudato Si’, na qual o Papa Francisco ecoa o mesmo convite à ecologia integral, ao cuidado com a Casa Comum e com os mais vulneráveis. E, não por acaso, o Brasil se prepara para acolher a COP 30, num momento crucial de escuta dos povos originários, dos territórios ameaçados, das juventudes sedentas por futuro.
A Campanha da Fraternidade 2025, com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31), nos coloca na encruzilhada entre contemplação e ação. Contemplar a bondade de Deus na criação e agir com profecia diante das estruturas que destroem a vida.
É nesse contexto que nos preparamos para o nosso XIV Capítulo Geral Eletivo, momento de discernimento, de escuta comunitária e de abertura à novidade do Espírito. Somos chamadas a olhar com gratidão para a estrada percorrida, a manter viva a chama da mística que nos sustenta, a renovar a profecia que denuncia e anuncia, e sobretudo a alimentar a esperança – aquela que não decepciona, porque nasce do Deus Trindade que caminha conosco.
Como peregrinas de esperança, deixamo-nos conduzir pela força da comunhão. A Trindade visita nossa tenda! Não como uma lembrança distante, mas como presença viva e provocadora, que nos impulsiona a dar novos passos, a ousar mais, a amar com mais radicalidade, a servir com mais liberdade.
Que o carvalho da nossa história continue crescendo. Que as raízes se aprofundem ainda mais na Palavra, na fraternidade e no cuidado com a vida. Que os galhos se estendam com generosidade para acolher novas irmãs, novos caminhos, novas causas.
E que possamos, unidas, seguir entoando um cântico de esperança, na certeza de que o Reino floresce mesmo em tempos áridos – porque Deus visita nossa história e nos convoca sempre a caminhar além.
Maria Câmara Vieira sts.
Que a Trindade continue nos ajude a darmos um passo à frente neste momento tão pleno de histórias bonitas e desafios na caminhada. Esperança.